Fábrica de Tecidos do Cassu |
A Fábrica de Tecidos de Santo Antônio do Cassu, situada a 9
km de Uberaba MG, foi a primeira indústria da cidade. Fundada em 1882 e
construída às margens do rio Cassu, teve seu projeto arquitetônico idealizado
pelo frade capuchinho francês frei Germano d`Annecy em 1878(BILHARINHO, 2007).
No mesmo local, nas imediações foram construídas 100 casas para abrigar os
funcionários, formando-se então um povoado, com média de 500 habitantes
(PONTES, 1970). Os primeiros proprietários foram o Major Zacarias Borges de Araújo
e seus irmãos João, Francisco, José e Teotônio Borges de Araújo, (Borges, Irmão
e Cia) que a dirigiram até 1891, quando foi vendida ao Barão de Saramenha,
Coronel Carlos Gabriel de Andrade, que a dirigiu até 1910. Nesse mesmo ano o
Cel. Caetano Mascarenhas, fundador da 1ª fábrica de tecidos de Minas Gerais,
localizada em Paraopeba, comprou a fábrica – (Firma C. Mascarenhas &
Filhos). Em 1928 é fundada a Cia Fabril do Triângulo Mineiro em Uberaba e passa
a fábrica do Cassu a fazer parte de um complexo, a fábrica da cidade no Alto do
São Benedito em Uberaba e a do povoado do Cassu. Como havia oferta de empregos
as famílias começaram a ir morar e trabalhar na fábrica. A importância da
história da Fábrica do Cassu dá-se em função da forma como seus proprietários a
conceberam, estabeleceram uma relação respeitosa com seus empregados oferecendo
a eles o máximo de dignidade, conforme relatado por Luis Gonzaga de Oliveira
que nasceu nesse povoado: Os Mascarenhas eram homens tão arejados, entendeu? O
quê que aconteceu? Eles deram ao Cassu primeiro uma igreja para que a população
rural tivesse um princípio de religiosidade, ao lado fizeram uma escola, ao
lado da escola montaram um armazém. Ainda segundo Gonzaga, como a fábrica
precisava da energia elétrica, os proprietários também colocavam energia
elétrica nas casas que os patrões iam construindo à medida que fossem chegando
as famílias e davam em comodato para seus empregados . Uma vez por semana
tinham atendimento médico e dentário. Ainda descreve Gonzaga “os bailes eram
tradicionais e famosíssimos, na parte alta tinha um campo de futebol, então
havia diversão”. É essa a cena que descreve Gonzaga, essa é a paisagem em que
foi criada minha família paterna. “Era uma comunidade muito feliz”, encerra
ele. Com a fábrica urbana de Uberaba, a unidade do povoado foi desativada por
volta de 1945, mas o povoado continuou existindo até por volta de 1950. “O
Cassu não tinha muro, não tinha separação, os quintais eram abertos, você tá
entendendo? Era um negócio tão comunitário, tão bonito, tão bonito que pra quê
muro?” (GONZAGA, 2010). Em 1965 a instalação mudou-se para o Distrito
Industrial, vivendo a partir daí um tempo de declínio. Em 1975 decreta
falência. A fábrica do povoado do Cassu, atualmente ainda encontra-se em estado
regular de conservação, mas seu espaço está sendo utilizado como curral.
Levantar a história da constituição desse povoado foi de certa forma difícil,
uma vez que não ficaram registros escritos e sequer fotográficos. Esses
depoimentos de pessoas história de maneira mais próxima à realidade. Que
nasceram e foram criadas lá é o acervo para que pudesse construir. Foto:
Albertim Calbegs.
(Yone Corrêa de Araújo)