Orlando Ferreira, o “Doca” a época em que viveu, não conheceu a atual geração dos políticos da terrinha. Por certo não pouparia elogios à Mário Palmério, o precursor do ensino superior em Uberaba e outras benesses. “Doca”, elogiava, com ênfase, figuras proeminentes da vida uberabense como Hildebrando Pontes, que, infelizmente no seu dizer, como intendente municipal (prefeito, hoje), não conseguiu colocar em prática seu plano de governo, dotado de um alto espírito administrativo e que, por certo, mudaria a desastrosa política local nos anos 30 do século passado. “Doca”, citava , respeitosamente, Fidélis Reis, no inicio de sua atividade política, cuja atuação viu florescer. Comentava, feliz, a conduta séria e construtiva do agente municipal, deputado federal e uberabense de cepa,Leopoldino de Oliveira. De leve, ainda em plena juventude política, comentava a conduta séria de João Henrique Sampaio Vieira a Silva.
No seu livro “Terra Madrasta”, com muita coragem, criticava uma série de homens públicos que governaram Uberaba e, segundo ele, não deixaram réstea de recordação ou saudade. Por respeito às famílias remanescentes citadas por ”, omitirei os nomes que, os mais velhos uberabenses, estão cansados de saber… “Águas passadas não movem moinhos”, diz o velho adágio. Certos fatos acontecidos na década de 30, inicio de 40, passados mais de 80 anos, ainda estão muito “vivos”. Seria penoso transcrevê-los. “Doca” escrevia “prova de desleixo, lerdeza, preguiça e mau gosto: transformada a praça Rui Barbosa , construídos ali alguns palacetes da nossa burguesia, além de casas particulares, feito o calçamento e o jardim público embelezado, , enfim, o único “ponto chic”de Uberaba, permitiu-se que os proprietários dos prédios construíssem passeios diferentes e muito inferiores em beleza e qualidade aos que já tinham sido iniciados em frente de outros prédios , isto é, esses de ladrilhos e aqueles de pedaços grandes de pedra, mal trabalhados e sem nenhuma estética. Não há uniformidade e quem perambula por ali, possuindo gosto artístico, observa, entristecido, esse enorme defeito, essa lacuna imperdoável, esse erro espantoso, onde não se sabe mais o que admirar-se o desleixo de uma administração ou ignorância e falta de patriotismo e bom gosto de certos proprietários.”
Aos dias atuais, nota-se que o mau gosto persiste. Não há a menor uniformidade nos passeios públicos de Uberaba , quando o proprietário resolve construí-lo, fato que nem sempre acontece. Passeios quebrados pululam pela cidade inteira. Ainda bem que “Doca”, não chegou a ver a principal avenida da cidade, Leopoldino de Oliveira, dividida por uma horrorosa, inexplicável, além de “monstrenga”, cerca rural, separando a cidade ao meio. Ficaria embasbacado de ver tanta ignorância administrativa… Quanto aos políticos locais, esferas municipal, estadual e federal, “Doca”, “Doca”, “ ai que saudades eu tenho “..
Luiz Gonzaga Oliveira