quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

MUDE TUDO PARA QUE TUDO FIQUE NO MESMO LUGAR…

Uberaba do século passado teve homens eméritos, empreendedores, avançados, destemidos e inovadores. A epopéia do zebu foi um marco. A vocação agro comercial deixou rastros profundos. Alexandre Cunha Campos foi um pioneiro. Dono da primeira drogaria da cidade, o cliente encontrava sempre o remédio procurado. Gerou empregos e mais empregos. Lutando contra a má vontade de muitos, Alexandre Campos instalou a primeira empresa telefônica da região. Incipiente, dificuldades mil, mão de obra pouco qualificada, o máximo que se falava , além do perímetro urbano, era com Veríssimo, 50 kms, daqui. Uberaba foi crescendo, Alexandre envelhecendo e não suportando o peso dos anos, faleceu. Os filhos, José, Sylvio, Joaquim e Anita, (menos Joaquim com problemas de saúde), assumiram o controle das empresas. Em pouco tempo, a drogaria Alexandre, foi encampada Alexandre Cunha Campospela Drogasil. Ficou a telefônica. Pequena, não suportava o sustento dos sucessores. José, Joaquim e Anita, transferiram-se para S.Paulo. Sylvio ficou à frente da empresa. Homem de educação esmerada, conduta e seriedade indesmentidas, doou-se, com lealdade e amor, à gerência da empresa familiar. Uberaba crescendo e com ele, bem parelho, as naturais dificuldades. A telefonia no Brasil, crescendo a passos de canguru, os financiamentos pouco facilitados e a adversidade caiu sobre um homem bom, honesto e de fino trato. Doenças em família debilitaram o forte Sylvio e o inicio dos problemas para gerir a empresa. Chamados, José e Anita logo se juntaram ao irmão no momento em que ele mais precisava. José e Anita, com imensas atividades em S.Paulo,pelo menos uma vez por mês, vinham dar suporte à Telefônica. Às duras penas , iam tocando o barco. Logo a frente, em reunião familiar, resolveram transferir a empresa ao primeiro grupo empresarial que se interessasse pelo negócio. Tive um relacionamento de amizade muito grande com José e seu filho, Alexandre Neto. Cordial com Anita e respeitoso com Sylvio. José, incumbiu-me de realizar sondagens na ACIU, sentir do empresariado uberabense a disposição em conversar sobre um possível acordo à transferência do controle acionário da Telefônica. José, Anita e Sylvio, queriam que a empresa ficasse em mãos locais. Alguns contatos, reuniões enfadonhas, deram-me a certeza que não havia interesse e nem levaram, a sério, os primeiros contatos. Autorizado por José Cunha Campos, voltei uma duas vezes a conversar com diretores da principal entidade classista empresarial de Uberaba.Nada!

Um deles que , por respeito está vivo e são, daí não declinar seu nome, foi lacônico:-“Eu hein, jogar sal em carne podre ?” Relatei à José o que ouvira. Na estada seguinte a Uberaba, José e Anita souberam da minha amizade de infância com Luiz Alberto, filho de Alexandrino Garcia, dono da CTBC, de Uberlândia (fomos colegas de banco de escola no Colégio Diocesano) e pertencendo ao Lions Clube de Uberaba, tínhamos contato com o clube de Uberlândia, onde Alexandrino era presidente. O “comendador’ como gostava de ser chamado, estranhou o meu contato. Chegou a comentar: “será que a familia Cunha Campos iria se desfazer da Telefônica?

Em pouco tempo a transação se realizava. Os empresários uberabenses , ao tomar conhecimento da transferência do controle acionário da ETUSA para a CTBC, ficaram de “cabelo em pé”. Fontes mais conservadoras da cidade, indignadas, lamentaram:-“é um absurdo vender um patrimônio nosso para Uberlândia?Já não basta os que eles já tiraram de nós ?”

Até hoje, muita gente de Uberaba desconhece o pouco interesse dos nossos empresários e os “ouvidos moucos” que fizeram da oferta e acabaram chorando na “árvore do Pedro Borracheiro”…

Luiz Gonzaga de Oliveira