A competente jornalista Ana Luiza Brasil, escreveu em passado não muito recente, o livro “Jorge Furtado nu e cru”, retratando fatos da vida do grande médico uberabense. Livro de muito valor para a história da terrinha. “Jorge Furtado-nu e cru”, está recheado de fatos importantes da vida do ex-prefeito, grande político, emérito professor e líder de uma geração de estudantes universitários de Uberaba. Jorge Furtado foi professor na MED , Odonto e Medicina Legal na Faculdade de Direito.Fui aluno de Direito desse grande mestre, onde travei lembranças eternas. Antes, em 54, quando Mário Palmério , o grande líder da política uberabense e, até hoje, insubstituível, o lançou candidato à prefeito, já eram fortes e indestrutíveis os nossos laços de amizade e afinidade política. Naquele ano, perdeu as eleições para Artur Teixeira, mas ganhou a Prefeitura 4 anos depois , em 58. Como mestre e amigo, Jorge Furtado foi insuperável. Se não bastasse seus conhecimentos, sua formação didático-cultural, exercia sobre seus alunos verdadeiro fascínio. Até os estudantes menos atenciosos e aplicados, desinteressados pela matéria, acabavam se contendo e, pacificamente, assistiam suas aulas. Em 1955, fumando um cigarro atrás do outro, o professor Jorge Futado usava jalecos abaixo dos joelhos e suas aulas mais práticas que teóricas. Aos sábados, levava os alunos de Direito (Medicina Legal)para os laboratórios da Medicina, a mostrar cadáveres sobre cadáveres, ministrando aula sobre anatomia , misturando-a com Medicina Legal.
Numa dessas aulas práticas, testando estômago da rapaziada e principalmente das moças, Dr.Jorge fez a brincadeira que marcou fundo à lembrança da nossa turma. Um cadáver recém chegado à pedra de mármore da Medicina, estava “fresquinho” para ser estudado.Era a aula de anatomia, após o almoço… Sem medo, os rapazes se postaram à frente do “presunto”. As mulheres, Rosa Maria (dona do cartório de protestos), Glorinha Cruvinel, Neuzi, Maria Helena Mendes, Maria Amélia Sampaio e Wanda Wanderley (esposa do Alencaliense Max, o “Gaucho”, ficaram encostadas na parede da sala. De longe e ressabiadas… O formol do corpo do indigente, exalava cheiro fortíssimo e as meninas, tremendo de horror!
Jorge Furtado, inicia aula. Percebendo o receio dos mais medrosos (as), executa a brincadeira que se tornaria famosa na Faculdade. Seguinte: Com naturalidade, falando pausadamente, ele fez uma incisão naquele corpo inerte e, num gesto rápido, retira um pedaço de carne do cadáver e leva à boca.- “Minha Nossa Senhora d’Abadia!” foi o grito que ecoou na pequena sala! Saiu estudante pra todo lado. Só duas portas. Empurra-empurra generalizado. Uns dando vômitos, elas gritando e “destripando o mico” a valer, pensando verdade fosse a atitude do grande professor! Qual nada . Rindo de orelha à orelha, o mestre acalmou a nós todos com a devida explicação:- “No instante que levei a mão à boca, troquei de dedo”. A custo, a aula foi reiniciada…
Tenho boas histórias do saudoso ex-prefeito e professor Jorge Furtado. Abraços do “Marquez”.