“Para não dizer que não falei das flores”, foi, durante o regime militar, considerada a música símbolo da resistência à ditadura .Geraldo Vandré,cantor e compositor,anos depois voltou ao cenário artístico nacional. Postura totalmente diferente . Segundo as más línguas, teria passado por uma insidiosa lavagem cerebral. Ainda bem que não se comemora mais o 31 de março de tristes lembranças.
O patrulhamento ideológico que atormentou os brasileiros democratas , agora é cinza. A perseguida imprensa nacional, é menos comprometida que naquele período de opressão, onde qualquer comentário que não agradasse a ditadura, assumia ares de autêntica “vindita”. O momento democrático que estamos vivendo, tanto nos grandes centros ,como nos pequenos núcleos populacionais, rádios, jornais , revistas e televisões, o brasileiro é informado do que se passa (bem ou mal) na sua cidade, estado, país, mundo. Consagra-se a previsão de MacLuan, “ estamos em plena aldeia global”.
A democracia, regime altamente capitalista, tem nos poderosos grupos de comunicação, aliados aos políticos corruptos , o poder de influenciar uma maioria assustadora de pessoas , a chamada condução das massas. O aliamento desse setor da imprensa com as esferas do poder, é de estarrecer !Há exceção que acaba confirmando a regra. Ninguém desconhece o poderio explosivo da imprensa. Quer para destruir ou construir. Assim tem sido através dos tempos.
Quando expressam a força da imprensa , não se esqueça da venalidade de maus profissionais, a ânsia desmedida do lucro fácil dos donos de empresas de comunicação, a “venda” de opinião, ao invés da comercialização de espaço comercial dos seus veículos. É degradante ver a todo instante, o elogio barato a quem paga mais. Ladrões travestidos de poder, dando “ cartas” nas redações, com a conivência torpe, mesquinha dos donos dos veículos. Vergonha !
Os momentos de incerteza que o país está atravessando, os escândalos que pululam nos degraus maiores da República, figuras proeminentes do Congresso Nacional, descumprindo ordem judicial. O poder moderador, guardião da nossa Constituição, abaixar-se, covardemente, aos “conchavos” políticos, juros na alturas, desemprego campeando em todos os setores, a saúde em estado terminal, a educação, nos últimos lugares do “ranking” mundial e “empavonados” nos castelos do poder...Felizmente, a grande imprensa nacional, tomou ciência da sua verdadeira missão: informar, divulgar, discutir, opinar. Se depois de todas essas”delações” o Brasil não tomar jeito, só mesmo devolvendo à Portugal, pedindo desculpas pelo estrago”...
Lamenta-se apenas que os grandes empresários da “mídia tupiniquim”, não se espelhem nos grande veículos nacionais. Permaneçam obedientes aos “donos do poder”, aos “aspones dos dirigentes “, que só noticiam fatos que agradam aos que detém a verba de publicidade. Essas figuras “carimbadas” só aplicam as verbas públicas , sabendo que vão “orientar” o noticiário ao seu favor. O clamor popular, falta d’água, péssimo serviço de transporte urbano, falta de remédios em postos de saúde, ruas esburacadas, iluminação pública precária,BRTs que não terminam nunca, são completamente ignorados pela imprensa.
O dinheiro público está diretamente ligado à folha de pagamento dos funcionários, obrigações sociais e trabalhistas, aquisição de papel,energia elétrica e outras despesas, “saem dalí” para que a empresa possa sobreviver....E assim caminha a humanidade, digo, cidade. Tivesse a imprensa interiorana, a ética e o respeito pelos acontecimentos do dia a dia da cidade, focalizasse os assuntos com a lealdade que caracteriza o bom jornalismo, muitos delitos seriam evitados. Enquanto as torneiras dos cofres públicos continuarem abertas e os veículos “doentes das finanças”, lamentavelmente, as “coisas” vão assim continuar.
A ética, a decência, independência, coerência, eficiência, transparência, honestidade, informação, opinião e crítica, jamais deixarão de ser o apanágio da profissão..
“Às favas”, direi, os que colocarem a “carapuça”.
Luiz Gonzaga de Oliveira