terça-feira, 27 de dezembro de 2016

COMEÇO DAS FUNERÁRIAS EM UBERABA


Contei-lhes como funcionava o enterro das pessoas em Uberaba, no inicio do século passado, pois, somente a partir de 1920, surgiu a primeira empresa funerária da terrinha. Propriedade dos irmãos Anatólio, Arnaud e Antenógenes Magalhães, figuras conhecidas da sociedade uberabense, principalmente Anatólio, pintor de grandes méritos , deixou obras memoráveis retratando personalidades e lugares românticos da terrinha. Naquele tempo existia o “cocho fúnebre”,carro puxado por cavalos que ficavam em cochos e, consequentemente, nas cocheiras. Obedecia-se um ritual para o sepultamento do corpo, quer nos primeiros cemitérios da cidade , o do largo da Misericórdia, depois da praça Frei Eugênio, até chegar ao cemitério do “Brejinho”, como era conhecido e, mais tarde, ganhou o nome de “São João Batista”.

Em 1933, o marceneiro Francisco Pagliaro, tinha montado uma bem aparelhada oficina de carpintaria à rua Artur Machado. Por sugestão e apoio do dr.Guilherme Ferreira, intendente e executivo municipal, ajudou Francisco Pagliaro a montar outra funerária na cidade. O empresário Domingos de Freitas detinha o serviço funerário em Uberlândia e Araguari e queria adquirir a Funerária dos Irmãos Magalhães , de Uberaba, e ampliar o domínio e o monopólio do serviço funerário no Triângulo. Dr.Guilherme Ferreira, é visto, não permitiu. Mesmo assim , Domingos de Freitas acabou adquirindo a funerária de Anatólio, Arnaud e Antenógenes Magalhães. Enciumados com a instalação de outra funerária na cidade, os irmãos Magalhães ingressaram em Juizo tentando impedir o funcionamento da funerária de Francisco Pagliaro...Só que um fato curioso acabou bastante comentado na terrinha: na surdina, “ por debaixo do pano”, um dos sócios da funerária Magalhães incentivou Francisco Pagliaro a continuar com a sua funerária. .Quando, na Justiça, quiseram saber dele a razão de tal procedimento, não se fez de rogado e foi logo dizendo:-“ Acontece, Meretíssimo , que esse pessoal de Uberlândia vai ficar pouco tempo em Uberaba e acabar com a funerária. Tendo uma outra, tenho certeza que não faltará serviço”, arrematou.

A pendenga judicial demorou algum tempo para ser resolvida. Finalmente, em fins de 1931, Francisco Pagliaro ganhou a causa , bem defendida por dois brilhantes advogados que iniciavam carreira no foro de Uberaba, Pelópidas Tomé da Fonseca e Celso Vasconcelos.

Daquela época , 1931, até aos dias de hoje, mais de 80 anos de bons e sérios serviços prestados à família uberabense pela Funerária Pagliaro, iniciada pelo patriarca da família e seguida pelos filhos: Osvaldo (Doutorinho), Waldemar (Véio Pagliaro), Herminia, Geraldo, Paschoal (Carlito)José (Juca) e Adalberto (Bilula). A sociedade, hoje, está com os netos. No capítulo de amanhã, vou contar-lhes alguns fatos pitorescos e curiosos sobre os caixões de antigamente.


Luiz Gonzaga de Oliveira