quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

BANDA “OS POLIGONAIS” UBERABA

Os Poligonais                               Os Mugstones

Confirmo o prometido. A história que lhes conto, hoje, tem, seguramente, 50 anos. Um grupo de garotos da santa terrinha resolveu criar um conjunto musical e sair por aí, tocando música jovem. O pai de dois deles, era músico. Criaram um tal de “Os Poligonais”. Laerte, no piston, o irmão, Bazzani, na bateria, os amigos, Luizinho, no órgão, Luizão, no baixo, Pardal, na guitarra, Zé Raul, no sax e Márcio, na guitarra-base. Ousados e por conta própria, chegaram inclusive, a gravar um LP:”Os Poligonais”…Atrevidos? sei lá… Certa noite, à ouvi-los um homem até então desconhecido para o grupo, era um empresário musical, à cata de novos talentos. Empolgou-se com o som da rapaziada e não titubeou:- “Vocês querem ir para o Rio de Janeiro comigo?”.A “figura” era um conhecido homem da noite, responsável por lançar alguns cantores de sucesso. Seu nome, Glauco Pereira. No Rio, o “malho” foi geral, apesar do prestigio e conhecimento de Glauco no cenário carioca e a excelente musicalidade dos jovens. “-Poligonais? Isso é nome de conjunto de roça,sô”. Tarimbado e grande tino empresarial, Glauco Pereira sacou:-“Moçada vou tirar esse nome de jacu do conjunto. A partir de agora vocês vão se chamar “Mugstones”, tá legal?” Espanto geral na rapaziada interiorana.”Mugstones?”Que quer dizer isso?”, perguntou Laerte ao mano Bazzani. “-E eu sei lá…”respondeu.

Àquela época, fazendo sucesso enorme nas paradas musicais do Brasil, pontificava o saudoso Wilson Simonal, que lançara como símbolo e marca de sua vitoriosa carreira, um boneco de pernas curtas, xadrez e fundo azul que funcionava, segundo o próprio Simonal, como verdadeiro talismã para a sua vitoriosa carreira,o Mug. Foi a conta ! Glauco repaginou os rapazes de Uberaba, vestindo-os com roupas em xadrez, boné idem e saiotes escoceses. Não deu outra ! Na primeira exibição, o grupo “Mugstones”, traduzindo “Bonecos de Pedra”, começou a conhecer a glória, fama, além de estrondoso sucesso nas noites cariocas…

Rádio,televisão, jornais, revistas especializadas, excursões, “shows”, apresentações no Brasil, de norte a sul, leste a oeste, países sulamericanos, entraram na agenda dos alegres rapazes. Em pouco tempo, Laerte, Bazzani, Luizinho, Luizão, Pardal, Zé Raul e Márcio, tornaram-se figuras nacionais. O lendário “Canecão”, maior casa de espetáculos do Rio de Janeiro na época, recebeu o grupo uberabense em 3 inesquecíveis temporadas, 67, 68 e 69.

Discos gravados, sucessos musicais cada vez melhores, tudo acontecendo como por encanto. Das pequenas excursões do conjunto em mal quebradas peruas alugadas às excursões internacionais, embeveciam a rapaziada, tudo de “asa dura”, comentavam…

Passados tantos anos, do sucesso ao desaparecimento do grupo, ficou apenas uma pergunta: o que teria acontecido com os “Mugstones”, fadado a uma carreira tão promissora, à tão repentina dissolução? Em anos passados, perguntei a um dos integrantes do conjunto, o que realmente tinha acontecido. O saudoso Laerte, olhos marejados em lágrimas, fitou-me com olhar profundo como se fosse uma confissão:

“-Sabe, quando éramos pobres , tocávamos por prazer, puro prazer, sem pensar em dinheiro.Tudo era lindo, maravilhoso, havia harmonia e amizade entre nós… Chegaram o dinheiro, a fama, o sucesso, as vaidades falaram mais alto, tudo foi por água abaixo…”

Assim fiquei sabendo da “causa mortis” de um dos principais conjuntos de música jovem do Brasil. Gente nossa. Gente de Uberaba. Orgulho da santa terrinha… Triste,né…



Luiz Gonzaga de Oliveira