Uberaba em Fotos
HISTÓRIA - DOCUMENTOS - PERSONALIDADES: No Uberaba em Fotos, celebramos a história da cidade por meio de dois guardiões da memória local. André Borges Lopes, historiador, resgata o passado em crônicas e pesquisas, enquanto Antônio Carlos Prata, fotógrafo e memorialista, eternizou Uberaba em imagens-crônicas. Sua obra é homenagem às gerações que preservam a identidade da cidade.
segunda-feira, 10 de novembro de 2025
CATETINHO DE UBERABA, O RESTAURANTE QUE VIROU MEMÓRIA NA BR-050
domingo, 2 de novembro de 2025
O DIA QUE O PRATINHA “ESPANTOU URUBU” NA CAIXA
Aconteceu com José Wilson Prata, o querido Pratinha, esse causo que ninguém esquece.
Falar em aposentadoria, pra ele, era o mesmo que chamá-lo pra morte. Homem trabalhador, fazia de tudo na roça: tirava leite, mochava gado, capava porco, arava terra.
O Pratinha era de rotina simples e coração grande. Acordava cedo, tomava seu café coado no coador de pano e cuidava do sítio São José. Filho da Santina Próspero Prata, aquela italiana alegre, faladeira e querida por todo mundo, herdou dela o bom humor e a mania de prosear: onde passava, parava pra conversar com alguém. Era impossível andar com ele pela rua sem ouvir um “Ô Pratinha, cê tá bão?” de algum conhecido.
Mas lá pelos meados dos anos 1990, o sítio São José enfrentou dias difíceis. Veio a crise do leite em Minas, e olha que o leite vive em crise, mas aquela foi das brabas. Os fazendeiros penando pra pagar funcionário, comprar ração, remédio, vacina, energia... Nem tempo sobrava pra cuidar da própria saúde, quanto mais dos dentes.
Foi nessa época que os sobrinhos, amigos, doutor Randolfo Borges Júnior e Wagner Nascimento (que era prefeito) reuniram-se com a Dona Santina pedindo para ela falar com o Pratinha sobre a transferência da aposentadoria dela para ele após seu falecimento.
Ele ficou muito bravo e não aceitou a ideia que eles tinham planejado para ele.
Convencer o homem a aceitar não era tarefa fácil! Quando o assunto era aposentadoria, o Pratinha empinava a carroça mesmo! Ficava bravo, discutia, dizia que era forte, que não tinha doença nem deficiência, e que “esse negócio de aposentar era pra quem não aguentava mais o tranco”.
Um dia, juntaram todo mundo, amigos, parentes e conhecidos, pra conversar com ele, tentar convencer o teimoso. Explicaram, argumentaram... e nada! O Pratinha bufava, cruzava os braços e encerrava o assunto: o homem estava brabo que nem onça chegando.
— Eu não preciso de aposentadoria coisa nenhuma! Eu trabalho, uai! — dizia.
Não aceitava de jeito nenhum.
Foi então que os amigos e familiares armaram tudo por conta própria.
Resolveram o processo, assinaram papel, juntaram documento, e, quando ele viu, a aposentadoria da mãe já estava passada pro nome dele, sem que soubesse de nada.
Até o dia em que… recebeu.
O sobrinho Dauro Prata Loes, o Daurinho, chegou e chamou:
— Tio, bora comigo na Caixa Econômica!
— Uai, pra quê? — perguntou o Pratinha.
— Cê vai ver!
Chegando lá, a funcionária olhou pra ele e disse:
— Uai, não me lembro do senhor aqui, não... O senhor fazia o quê na Prefeitura?
E ele, com aquele humor que era só dele, respondeu:
— Eu trabalhava no matadouro… espantava urubu!
A moça caiu na risada, conferiu os papéis e, quando viu, era um pacotão de dinheiro.
Pratinha arregalou os olhos, enfiou o dedo no bolo e separou três dedos de dinheiro pro Daurinho:
— Toma, menino, pra você gastar!
Daurinho quase pulou de alegria.
Saíram da Caixa de moto, o tio na garupa, e o Pratinha, feliz da vida, começou a bater as pernas como se tivesse montado num cavalo, gritando:
— Êêê boi! Vam’bora, São José!
E lá se foram, rindo, como se a vida tivesse virado pasto de novo.
Na saída, ainda soltou, com aquele sorriso maroto:
— Agora tô bonito no pedaço!
E era mesmo.
Depois daquele dia, nunca mais reclamou de aposentadoria.
Afinal, Pratinha não tinha doença, não tinha deficiência... Só esquecia de um detalhe:
o corpo era de adulto, mas o tamanho... era de menino!
Causo contado pelo sobrinho Dauro Prata Loes (Daurinho).
Texto: Antônio Carlos Prata
Pratinha faleceu em 11 de junho de 2005, mas segue vivo na lembrança dos uberabenses.
UBERABA E A FAMÍLIA BATISTUTA: DO ARMAZÉM À LOJA LA BATISTUTA
O armazém era ponto de encontro do bairro. Cheirava a café torrado, sabão em barra e querosene, que também era vendido ali, junto com gasolina e mantimentos. Com o tempo, os grandes sacos de grãos e tambores de combustível deram lugar a utilitários domésticos, acompanhando as mudanças que modernizavam as casas de Uberaba.
Quando Francisco se aposentou, dividiu o negócio entre os filhos, preservando o espírito familiar que sempre marcou a trajetória dos Batistuta. E assim, em 28 de dezembro de 1966, nascia uma nova fase: a Loja La Batista, herdeira do mesmo trabalho, da mesma honestidade e da mesma vocação para servir.
Após o falecimento do patriarca, em 1974, os filhos Luiz e Adail continuaram o legado, acompanhados de perto pelos netos Humberto Batistuta e Leonardo Batistuta, que cresceram observando o pai e o tio repetirem as lições do avô. Humberto costuma recordar que, nos tempos do velho armazém, o avô vendia “de tudo um pouco”, do feijão ao combustível. e que a confiança era o recibo mais valioso de uma compra.
Hoje, a tradicional Loja La Batista, instalada na Rua São Benedito, 588, esquina com a Avenida Alberto Martins Fontoura Borges, segue em plena atividade. Mantida pela família, continua a simbolizar o que Uberaba tem de mais genuíno: o trabalho honesto, a união entre gerações e o orgulho de fazer parte da história viva da cidade.
E assim, entre lembranças e novos dias, a história da família Batistuta segue pulsando nas ruas de Uberaba, como uma herança que não se apaga. Do velho armazém de secos e molhados à moderna loja de utilidades, permanece o mesmo coração: aquele que fez da dedicação uma tradição e da cidade, um lar que nunca deixa de acolher.
Ambos os comércios sempre no bairro São Benedito, servindo com carinho e constância a cidade de Uberaba.
(Antônio Carlos Prata).
terça-feira, 21 de outubro de 2025
UBERABA, O CRESCIMENTO DE UMA ÉPOCA
Voltando e recordando...
O DIA EM QUE O PRATIINHA QUASE FOI PRESO NO CINE ROYAL
quarta-feira, 15 de outubro de 2025
UBERABA E OS MESTRES DO GRUPO BRASIL
Parabéns aos professores, verdadeiros heróis da educação!
No Dia do Professor, não poderia deixar de lembrar e agradecer a todos aqueles que fizeram parte da minha vida escolar, os mestres e mestras com quem tive o privilégio de conviver de perto.
Recordo-me bem de uma passagem, lá pelos meados da década de 1960 e início dos primeiros anos de 1970, no Grupo Escolar Brasil. Quando a professora dizia: “Vamos fazer uma redação”, parecia que o coração disparava. Milhares de estudantes uberabenses daquela época têm histórias parecidas para contar. Dava uma tremedeira, uma suadeira… e, quando era prova oral, então, o nervosismo aumentava.
Bastava ouvir o nome ser chamado, e lá íamos nós nos levantar, ao lado da carteira, tentando lembrar o que havíamos decorado. Na véspera, era difícil até dormir. Eu, particularmente, evitava até conversar com os colegas para não esquecer o que tinha estudado.
Quando a professora dizia que o tema da redação era livre, a cabeça começava a girar. Eu gostava de escrever sobre geografia, história e futebol, especialmente porque o Brasil vivia o auge do seu futebol, com as conquistas das Copas de 1958, 1962 e 1970.
Naquela época, eu era craque e colecionador de vários álbuns de figurinhas, sabia tudo sobre os jogadores, os clubes e as seleções. Trocar figurinhas na hora do recreio era uma verdadeira festa, e completar o álbum era motivo de orgulho.
Naquele tempo, as professoras dominavam todas as matérias, ensinavam português, matemática, história, geografia e ciências, e permaneciam com a mesma turma durante todo o ano letivo. Isso criava um laço forte entre professora e alunos, uma relação de respeito, carinho e confiança que deixava marcas para a vida toda.
Entre as matérias, história sempre foi uma das minhas preferidas, e guardo com carinho a lembrança da minha professora dessa disciplina no Grupo Brasil. Não vou citar nomes, pois todas foram excelentes, verdadeiras mestras.
A sala tinha uns 25 alunos. Alguns, quando não sabiam responder, fingiam que estavam pensando, cruzando as mãos sobre a testa, mas na verdade tentavam dar uma olhadinha na prova do colega ao lado. E as professoras, atentas, caminhavam entre as carteiras, parando de vez em quando para flagrar algum “engraçadinho” tentando colar.
Naquele tempo, não havia greve, e os salários, comparados aos de hoje, eram compensadores. Os alunos respeitavam os professores, os serventes e todos que faziam parte da escola. Havia um verdadeiro espírito de amizade, dedicação e valorização da educação.
Hoje, infelizmente, vemos notícias de alunos que desrespeitam e até ameaçam professores. algo impensável naquele tempo. Alguns abandonam os estudos, outros se envolvem com coisas erradas, muitas vezes por falta de orientação e exemplo em casa.
Neste Dia do Professor, fica aqui meu reconhecimento e gratidão a todos os educadores, os de ontem e os de hoje. Ser professor é exercer uma das profissões mais nobres e importantes do mundo.
Parabéns aos professores, verdadeiros heróis da educação!
E, com carinho especial, lembramos também das diretoras Terezinha Peres e Norma Moisés, que marcaram época à frente do Grupo Escolar Brasil e que hoje não estão mais entre nós, mas permanecem vivas na memória e na gratidão de todos os que tiveram o privilégio de aprender sob sua direção.
Uberaba agradece aos seus mestres e diretoras de ontem, de hoje e de sempre. (Antônio Carlos Prata).
segunda-feira, 6 de outubro de 2025
UBERABA, O TEMPO DOS BE RE RÊS
Nos fins da década de 1960 e nos primeiros anos de 1970, Uberaba ainda guardava um silêncio respeitoso diante da morte. E, quando esse silêncio se rompia, era por Eu era criança e lembro bem. Era um som constante, descendo a Rua Arthur Machado, a Avenida Leopoldino de Oliveira ou a Avenida Fidélis Reis. Fúnebre mesmo. Dava medo, do motorista, do carro e do caixão.
Assim soava a buzina dos carros fúnebres da Funerária Irmãos Pagliaro, que ficava na Avenida Fidélis Reis. O apelido “be-re-rê” nasceu dentro da própria família Pagliaro, numa brincadeira inspirada justamente nesse som metálico, rouco, que ecoava pelas ruas sempre que o carro virava uma esquina ou seguia no cortejo rumo ao cemitério.
O povo parava, tirava o chapéu, fazia o sinal da cruz. As crianças, entre curiosas e assustadas, cochichavam:
— Lá vai o “be-re-rê”..
Esses carros eram verdadeiras obras de arte fúnebre. Tinham anjinhos com cornetas nas laterais, molduras douradas e cortinas de renda nos vidros. O carro branco, o mais comentado, era usado para crianças e moças virgens, o famoso “carro dos anjinhos”. O preto e o roxo eram destinados aos adultos, e às vezes havia um rosado, reservado para pessoas importantes da sociedade.
Os “be-re-rês” ficavam guardados na garagem da funerária, nos fundos do prédio, cobertos com lonas brancas, como se descansassem à espera da próxima despedida. Quando algum funcionário levantava a lona ou ligava o motor, o som da buzina parecia ecoar pela memória da cidade.
E como tudo em Uberaba ganhava poesia ou humor, até a morte virou verso de rua. As crianças cantavam, entre risos e arrepios:
“Quando você morrer, seu corpo vai num be-re-rê, sua língua vai num FeNeMê...”
Era a praga dos tempos antigos, dita em tom de brincadeira, mas cheia de respeito disfarçado.
Com o passar dos anos, os “be-re-rês” foram tirados de circulação. Vieram os carros modernos, silenciosos, sem anjinhos e sem buzina. Mas quem viveu aquele tempo ainda escuta, lá no fundo da lembrança, o eco rouco e solene que marcava o último adeus de uma Uberaba que também já se foi: “be-be-be-rê-rê-rê-rê...” (Antônio Carlos Prata)
sexta-feira, 3 de outubro de 2025
JUSCELINO EM UBERABA, O FRANGO CAIPIRA COM QUIABO E A MOLECADA DA LEOPOLDINO
Na década de 1950, a Avenida Leopoldino de Oliveira, nº 3394, abrigava a residência de João Rodrigues da Cunha e sua esposa, Nazir Borges Cunha. Foi nesta casa que, em diversas vindas a Uberaba para a Exposição de Gado Zebu, o governador Juscelino Kubitschek se hospedava como hóspede de honra do casal.
A casa, sempre cheia de meninos criados por dona Nazir, era um reduto alegre e barulhento. Certa ocasião, Juscelino chegou apressado: precisava se banhar e vestir-se às pressas para um jantar de gala.
Ao atravessar os cômodos, percebeu a movimentação no fundo: na copa, a molecada se esbaldava em um frango caipira com quiabo fumegante.
Curioso e bem-humorado, aproximou-se:
— O que vocês estão comendo aí?
Assim que ouviu a resposta, não resistiu: puxou uma cadeira, pediu um prato e sentou-se entre os meninos.
As empregadas e dona Nazir correram a advertir:
— Governador, deixe que arrumamos uma mesa mais elegante!
Ele riu e retrucou:
— Elegante é aqui! Cadê o prato?
E, enquanto saboreava a refeição simples e saborosa, comentou:
— Este é o prato mais gostoso que existe… é o meu predileto!
Foi uma festa. Os meninos jamais esqueceram da cena. Só depois, satisfeito e divertido, Juscelino seguiu para o jantar de gala, levando consigo mais uma história saborosa para contar.
História narrada por dona Nazir, quando ainda era viva.
De Uberaba para o mundo: foi nesta casa que Juscelino, sem frescura, puxou a cadeira, dividiu o frango caipira com a molecada e, de barriga cheia e alma leve, encarou o jantar de gala.
(Antônio Carlos Prata)
quinta-feira, 2 de outubro de 2025
O XERIFE DA RUA SETE DE ABRIL
Na década de 1970, poucos em Uberaba não conheciam Delcides, o Delcidão, chamado com respeito e carinho de Xerife da rua 7 de Abril. Pedreiro de ofício, homem de mãos calejadas, era presença constante no meio do quarteirão onde morava, numa casa simples de portalzinho de ferro e duas janelas sempre abertas para a rua.
Era um homem forte, com postura de autoridade, mas generoso no trato. Os vizinhos o tinham em alta conta, e bastava aparecer na porta com seu inseparável chapéu, ora um Panamá, ora uma boina, para que logo puxassem conversa.
Numa manhã qualquer, Delcides estava no bar do Seu João, na esquina com a Barão de Induberaba, em companhia do professor Paulo Rodrigues. O bar seguia sua rotina: fregueses tomando café, sinuqueiros batendo bola, cervejas geladas nas mesas e o burburinho típico do bairro.
Foi então que entrou um homem negro, trazendo uma mala gasta e o cansaço estampado no rosto. Usava uma boina simples, como se fosse parte dele. Pediu água, comentou que estava com fome e, em seguida, lançou a pergunta que gelou o ambiente:
— O senhor sabe me dizer se aqui mora alguém chamado Delcides?
As descrições que deu batiam em cheio com a vida de Delcidão. Ele respirou fundo, engoliu seco e, disfarçando, passou a investigar: perguntou o nome do pai, da mãe, detalhes da família. O homem respondeu tudo com precisão.
Chamava-se Firmino. E contou que, ao longo da vida, soube que tinha um irmão em Uberaba, na rua Sete de Abril. Agora, já envelhecido, decidira procurá-lo.
Os olhares no bar se cruzaram. O professor Paulo já tinha desvendado a cena; "Seu João Serrano" também desconfiava. Os fregueses tentavam disfarçar a atenção, mas todos sabiam que algo grande estava acontecendo.
Delcides, mesmo acostumado ao peso das pedras e ao esforço do trabalho, sentia os olhos marejados. Perguntou:
— Você já tomou café da manhã?
— Ainda não. Primeiro precisava encontrar meu irmão, respondeu o recém-chegado.
Foi então que Delcides se levantou, pegou a mala e disse:
— Vamos pra minha casa. Lá você vai descansar, tomar café, ajeitar as coisas. É humilde, mas é minha.
E assim seguiram até a casa do portalzinho de ferro e das duas janelas. Antes de entrar, Delcides ajeitou o chapéu, olhou firme para o visitante e revelou:
— O irmão que você procura… sou eu.
O abraço foi imediato, desfeito em lágrimas. Dois homens já feitos, chorando como crianças no meio da rua. Dali em diante, tornou-se comum vê-los sentados na calçada: Delcides com seu chapéu Panamá ou boina, Firmino sempre de boina, conversando por horas, como se tentassem recuperar cada minuto do tempo perdido.
E os vizinhos, que tanto gostavam dos dois, se alegravam em vê-los juntos.
Os anos passaram. Primeiro partiu Firmino. Depois, Delcidão, o pedreiro forte e generoso, o Xerife da rua Sete de Abril, também partiu.
Mas quem presenciou aquele reencontro nos anos 1970 jamais esqueceu a força daquele abraço, simples e grandioso como a própria vida.
(Antônio Carlos Prata).
sábado, 27 de setembro de 2025
BAR RESTAURANTE PULENTA
sexta-feira, 26 de setembro de 2025
A PAREDE DA DROGASIL QUE AINDA GUARDA UMA VIDA
quinta-feira, 14 de agosto de 2025
HOMENAGEM AO SR BENEDITO "PELÉ", O CICLISTA, ARTISTA E PATRIMÔNIO VIVO DO MERCADÃO
sábado, 9 de agosto de 2025
O CASO DO FUMANCHU E O CHUVEIRO
Lá pelos idos de 1993, Fumanchu, figura famosa de Uberaba, ganhou um chuveiro de presente da permissionária Dona Irene Alves Santos, lá do Mercado Municipal.
Todo contente, chamou o Carlinhos do Racipesca:
- Ô Carlinhos, instala esse chuveiro pra mim lá no meu barraco, atrás da biblioteca!
Carlinhos, gente boa, foi lá, instalou tudo direitinho, conectou os fios e foi embora.
Meia hora depois, lá vem o Fumanchu, descendo o morro da Santa Rita, esbravejando e nervoso:
- Carliiinhos! Seu serviço não prestou! O chuveiro não esquenta.
Carlinhos, assustado, volta correndo, confere a conecção, olha o chuveiro, coça a cabeça e pergunta:
- Ué… cadê o padrão de energia?
E o Fumanchu, com a maior naturalidade do mundo:
- Uai, não tem, não...
Carlinhos ficou em silêncio por uns 20 segundos.
Depois virou as costas e foi embora, descendo o morro devagarinho, sem dizer uma palavra.
Moral da história:
Fumanchu achou que chuveiro funcionava só na força do pensamento. (Antônio Carlos Prata)
A PADROEIRA NOSSA SENHORA DA ABADIA VISITA E ABENÇOA O MERCADO MUNICIPAL DE UBERABA
terça-feira, 5 de agosto de 2025
LAVOURA & COMÉRCIO - ONDE UBERABA SE ENCONTRAVA
SINUQUEIROS DE UBERABA ANTIGAMENTE
HOMENAGEM AOS MENINOS JORNALEIROS DE UBERABA
segunda-feira, 4 de agosto de 2025
FUMANCHU - A VOZ QUE ECOAVA POR UBERABA
sexta-feira, 1 de agosto de 2025
Uma Vida a Serviço da Comunidade: Doutor José de Souza Prata Origens e Formação
Natural das ladeiras de Ouro Preto, filho de Carlos Simões Prata e de Maria Antônia de Souza Prata, José de Souza Prata formou-se pela renomada Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Ao lado de sua esposa, Nadir Cruvinel Borges Prata, trilhou um caminho de dedicação e excelência que deixaria marcas indeléveis em Uberaba e no Triângulo Mineiro.
Carreira Jurídica
"Justiça não é somente um conceito, mas uma prática diária."
Sua carreira foi marcada pelo compromisso com a justiça e o bem-estar social: iniciou-se como Promotor de Justiça, Delegado e Juiz Municipal nas comarcas de Sacramento e Uberaba, sempre pautado pela ética, conhecimento profundo e uma consciência jurídica clara. Ao deixar a magistratura, abriu seu escritório de advocacia em Uberaba, conquistando o respeito e a admiração de colegas e clientes pela sua idoneidade moral e sólida cultura jurídica.
Educação e Formação
"Educar é plantar sementes para o futuro."
Além do Direito, dedicou-se ao ensino, tornando-se um dos pilares das faculdades de Direito do Triângulo Mineiro e de Franca (SP), lecionando com paixão e sendo um dos professores fundadores dessas instituições que formariam gerações futuras.
Liderança Comunitária
"A verdadeira liderança transforma vidas e constrói legados."
Foi presidente da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro — atual ABCZ — no período de 1939 a 1941, sendo um de seus fundadores. Durante seu mandato, liderou a construção do emblemático Parque Doutor Fernando Costa, que se tornou sede definitiva da entidade e referência nacional na pecuária brasileira. Também foi responsável pela construção do edifício-sede na Rua Manoel Borges, que abrigou a instituição por muitos anos.
Foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção de Uberaba também entre 1939 e 1941, diretor do Jockey Club local em várias gestões e provedor da Santa Casa de Misericórdia, onde cuidou da saúde e do amparo social com igual zelo.
Voz na Imprensa
"Palavras são ferramentas para a construção do conhecimento e da cultura."
Na imprensa local, sua voz sagaz ecoou como comentarista e cronista, contribuindo para o enriquecimento cultural e o fortalecimento do espírito comunitário.
Legado Eterno
"O verdadeiro legado é aquele que inspira as futuras gerações."
José de Souza Prata faleceu em 19 de julho de 1962, mas seu legado permanece vivo no coração da cidade que ajudou a edificar. Como homenagem eterna, uma rua localizada no bairro Parque das Américas, em Uberaba, leva seu nome: Rua Doutor José de Souza Prata.
terça-feira, 8 de julho de 2025
VELHA RODOVIÁRIA DE UBERABA FOI O PONTO DE ENCONTROS E DESTINOS DE UM POVO
31/07/1945 – É entregue no mês a primeira Rodoviária de Uberaba, na Praça da Bandeira (futura Praça Dr. Jorge Frange), no coração do bairro São Benedito, onde o tempo parece sussurrar histórias pelas ruas, um local em especial guarda memórias e emoções, que transcendem gerações: a "Rodoviária Velha". Ela pode não ter mais o burburinho diário de ônibus partindo e chegando, mas, seu significado vai muito além de um mero terminal.
Para muitos uberabenses, a Rodoviária Velha, foi a porta de entrada e saída para um mundo de possibilidades. Ali, entre o cheiro de diesel e a agitação dos embarques, pais se despediam de filhos, que partiam em busca de sonhos, amantes trocavam olhares prometendo reencontros e migrantes levavam consigo a esperança de uma vida melhor. Quantas alegrias de reencontros calorosos foram testemunhadas por suas paredes? Quantas lágrimas de despedidas, carregadas de saudade, escorreram em seus bancos?
Mais do que um ponto de trânsito, a Rodoviária Velha foi um verdadeiro palco de histórias humanas. Cada bilhete comprado, cada mala despachada, cada abraço apertado representava um capítulo na vida de alguém. Era o lugar onde as notícias da cidade grande chegavam, onde a modernidade batia à porta e onde a identidade de Uberaba se conectava com o restante do país.
Hoje, demolida, a Rodoviária Velha permanece como um elo com o passado, um lembrete vívido de um tempo em que as viagens eram mais que deslocamentos geográficos; eram jornadas de vida, repletas de expectativas e emoções. Ela continua a ser um símbolo de memória afetiva para o povo de Uberaba, um lugar onde a história da cidade e de seus habitantes se entrelaça em uma narrativa de partidas, chegadas e, acima de tudo, de um profundo senso de comunidade.
Após alguns anos o velho terminal não tinha mais capacidade para atender a demanda. Uma nova rodoviária foi construida no mesmo bairro, na praça Dr. Carlos Terra e inaugurada em 22 de setembro de 1972. Foto colorizada IA. (Antônio Carlos Prata).
quarta-feira, 2 de julho de 2025
*A partir desta quinta interdições de trânsito para gravação de longa-metragem serão no período noturno*
A Prefeitura de Uberaba informa que, a partir desta quinta-feira (3), as interdições de trânsito programadas para as gravações do filme “Nicole: primeira fome” ocorrerão somente no período noturno. A produtora Technoscope Films, responsável pelo longa-metragem, tem cronograma de gravações na cidade até o dia 18 de julho.
As gravações de Nicole começam em junho; o lançamento está previsto para 2026 — Foto: DivulgaçãoO produtor executivo Ricardo Tilim explicou que por se tratar de uma história de vampiros, a maior parte das cenas serão filmadas à noite. “Tivemos apenas três dias de gravação no período diurno nesta semana e, a partir de quinta-feira, todas as filmagens serão noturnas. Pedimos a compreensão da população neste período, pois a interdição de trânsito é necessária para o deslocamento e montagem de equipamentos, e ainda a circulação da equipe audiovisual e elenco do filme”, contou. Ele ressaltou que “Nicole: primeira fome” é a maior produção já filmada em Uberaba, com o envolvimento de cerca de 150 profissionais, de vários estados brasileiros.
As interdições de trânsito temporárias estão sendo monitoradas pela Secretaria de Defesa Social (SDS). Os moradores das ruas interditadas permanecem com acesso livre para o estacionamento ou retirada de veículos. O transporte coletivo também permanece com circulação normal, informou a pasta.
Confira o cronograma de fechamento/vias e horários:
• 03/07 - Fechamento no entorno da Praça Santa Teresinha, da Rua Aristides Borges, Rua Ricardo Misson, Rua Álvares Cabral e Rua Tiradentes, das 18h30 às 5h.
• 03/07 e 04/07 - Rua Segismundo Mendes, fechamento para veículos em geral, exceto transporte coletivo e moradores, no trecho entre a Avenida Presidente Vargas e a Rua Lauro Borges, das 21h às 5h.
• 13/07 a 18/07 - Rua Tristão de Castro, fechamento para veículos em geral, exceto transporte coletivo e moradores, no trecho entre a Rua São Sebastião e a Travessa Domingos Paraíso, das 19h às 5h.
Produção – Com direção de Jotagá Crema, um dos diretores e roteiristas da aclamada série 3%, da Netflix, o filme “Nicole: primeira fome” é inspirado nos melhores clássicos de vampiro. O roteiro de ficção, que levou quase dois anos para ser finalizado, foi o vencedor do edital estadual de longas-metragens da Lei Paulo Gustavo.
“A cidade é bem preservada, tem identidade e está nos recebendo muito bem. A produção conta com profissionais excelentes do mercado audiovisual, que estão juntos em Uberaba para fazer um filme especial. A intenção é mostrar uma história de vampiro, com personagens profundos, de uma forma original e com características de terror, e que gere orgulho para os fãs desse gênero e para a população da cidade”, explicou o diretor Jotagá.
*Assessoria de Comunicação Technoscope Films/Secretaria Especial de Comunicação – 02/07/25*
terça-feira, 1 de julho de 2025
"Homenagem ao Pelé do Mercado Municipal"
Por iniciativa do presidente Lourival Ferreira da Costa, a CDL Uberaba (Câmara de Dirigentes Lojistas), por meio do Museu do Comércio Fulvio Ferreira, prestou uma merecida homenagem a Benedito Sebastião de Souza Coelho, ou Pelé do Mercadão — figura icônica do nosso comércio local. Ele chega aos 75 anos de idade, dos quais 60 dedicados ao trabalho exemplar e reconhecido plenamente.
Pelé iniciou suas atividades em 1965, ao identificar uma oportunidade em um serviço ainda raro entre as bancas do Mercado: as entregas. Com visão empreendedora, antecipou-se às necessidades do público e aplicou, de forma intuitiva, os princípios que hoje reconhecemos nas startups — identificando “dores” do mercado e validando soluções com eficiência.
A cerimônia foi realizada nesta terça-feira, dia 24 de junho, às 17h, nas dependências do Museu do Comércio Fulvio Ferreira, na sede da CDL Uberaba, na Rua Luiz Soares, 520, Vila Olímpica. O local faz parte do Geoparque Uberaba e foi escolhido por sua representatividade histórica, turística e comercial — assim como o Mercadão, onde Pelé construiu sua trajetória. (CDL).
segunda-feira, 23 de junho de 2025
Pelos 200 anos de falecimento de Tristão de Castro
A “Fabrica da Matriz de Santo Antônio e São Sebastião”, pelo seu fabriqueiro, o benemérito Monsenhor Inácio Xavier da Silva, representada pelo Dr. Felício Buarque de Macedo, intentou, em Outubro de 1909, uma ação de reinvindicação contra a Câmara Municipal, pretendendo as terras da doação de TRISTÃO de CASTRO. Doação essa sabida pelo Marquez de São João da Palma, governador da “província de Goyáz” e outorgada por Dom João VI, em 13 de faveiro de 1811, sendo umas das datas do aniversário da cidade de Uberaba, discutido no futuro.
A Câmara, tendo como Agente Executivo Dr. Felipe Aché e como advogados o Cel. Antônio Cesário da Silva e Oliveira, Mário de Mendonça Bueno de Azevedo e Dr. Antônio Garcia Adjuto, contestou os pretendidos direitos da Matriz. Em 6 de março de 1911, a causa, que apaixonará toda a população, foi julgada procedente por sentença do Dr. José Júlio de Freitas Coutinho, no impedimento do Juiz de Direito Dr. Epaminondas bandeira de Melo, sendo condenada a Câmara Municipal.
Mas, a Câmara apelou dessa sentença (Apelação nº 2.912) e por Acórdão de 4 de fevereiro de 1914, o Tribunal da Relação de Minas julgou a ação improcedente e vitoriosa à Câmara Municipal.
Essa causa, avaliada em “5000$00 Conto de Réis”, deu lugar a numerosas e necessárias publicações sobre o início da história de Uberaba, entre as quais dois luminosos trabalhos do Dr. Antônio Garcia Adjuto, dois outros do Dr. Josée Felício Buarque de Macedo e um dos doutores Alexandre de Souza Barbosa e Silvério José Bernardes, intitulado a “Estrada do Anhangüéra”.
A proposta dessa questão, o Dr. Hildebrando Pontes, em magnifico artigo publicado no jornal o “O Triângulo, de Araguari, escreveu:
Os nomes de TRISTÃO de CASTRO e sua mulher Dona FRUTUOSA RODRIGUES PIRES, como DOADORES do Patrimônio da Igreja Matriz de Uberaba, em 1812, quando aqui apenas havia uma aldeia de índios e a povoação de civilizados só se fundara em 1817, não podem figurar por absurdo. Esses nomes entram na questão como Pilatos no Credo. Mas, nem por isso, se deve pensar em tirar da Rua Tristão de Castro este nome, porque, sem o saber nem o querer, dera ele motivo à reunião da maior cópia possível de documentos para a História de Uberaba.”
O Tristão e sua esposa, Frutuosa, são daqueles personagens históricos, que mesmo tenha sido fundamental para início de empreitadas ou pioneirismo, pouca coisa se sabe, informações perdidas na bruma dos séculos.
Segundo Hildebrando Pontes, em à História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central, Tristão de Castro Guimarães, natural de Ouro Preto –MG, onde nasceu em meados de 1745, foi dos primeiros habitantes da região da Farinha Podre, estabelecendo-se como propriedade rural às margens do Lajeado dos Ribeiros, cerca de dez quilômetros a nordeste da Uberaba atual, dedicando-se ao cultivo da terra e à criação de gado.
Conforme senso de 1855, realizado pelo Tenente Coronel Antônio Borges de Sampaio e Professor Manoel Garcia da Rosa Terra, registraram o nome RUA do AZAGAYA, sendo alterada apenas em 1896 em homenagem o cidadão benemérito.
Nas vésperas dos 24 de junho de 2025, ao assinalar os 200 anos da memória de seu falecimento em 24 de junho de 1825, sepultado no inexistente cemitério São Miguel, nota-se a ausência de iniciativa dos responsáveis do Arquivo Público e Câmara Municipal, realizar estudos e conscientizar a importância histórica da Rua Tristão de Castro, para o desenvolvimento comercial
Rua essa que foi ofertada para Matriz, 1 légua em forma de quadro, e que depois servil de via para interação da saída de Uberaba aos sertões das “províncias do Goyás e Mato Grosso”, além da expansão da cidade para a antiga praça Dr. Adjunto, que foi tomada para instalação da Têxtil Triângulo e hoje se notabiliza pela instalação de novos comércios.
Fonte: GUIDO, Bilharinho. Personalidades Uberabenses. Uberaba; CNEC, 2014
Anuário de Minas Gerais - Bello Horizonte, 1906. Ano I. Escritura do Tristão de Castro e doação.
sexta-feira, 20 de junho de 2025
SALÃO DO GENERAL, FAZ BARBA E CABELO LEGAL"
Este foi o Salão do General que existiu na década de 1970, na rua Quintiliano Jardim, centro, em frente a Embratel, de propriedade do Sr. Domingos Caparelli Maiolino, conhecido como General Barbeiro, falecido em 01/08/1993.
Na barbearia havia quatro cadeiras - ainda de madeira - e ele trabalhava junto com seu filho Natal Rafael, Miltinho, Antônio, Waltinho e Naldo Lira, engraxate. Em frente às cadeiras, a mesa com espelhos de forma retangular e em cima dela a máquina de cortar o cabelo, a navalha para fazer o pé do cabelo, a tesoura, o pente que era de casco de tartaruga, o vidro com água e o talco. Para os que faziam a barba era usada a loção, que era borrifada com uma bombinha de borracha e o pincel de pelo de porco legítimo, e usava ainda o “leite de rosas” ou “leite de colônia” pós barba e a pedra hume. Tinha ainda o avental para o cliente e o do barbeiro.
O "seu" Domingos trabalhou no mesmo ponto por várias décadas. Hoje os barbeiros foram sendo gradualmente substituídos pelos cabeleireiros e as novas técnicas. Dessa classe, poucos restaram, mantendo um pequeno público fiel.
(Antônio Carlos Prata)























